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Personagem real numa vida de ficção e "à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo".
Em minha casa o Natal sempre foi uma celebração em família. Quando eu era pequenina éramos dez pessoas, depois passamos a nove, o meu avô morreu. Entretanto voltamos aos dez porque a minha irmã casou, depois onze porque o meu tio também casou, depois doze porque o meu primo casou, depois treze porque os meus tios tiveram um filho. Agora, dependendo dos anos porque os que casaram dividem-se entre a minha casa e a dos respectivos sogros, tanto podemos ser treze como ficamos "só" nove.
Quando era pequenina o Natal tinha outro sabor, acreditava que ele existia, nas prendas que ele trazia contávamos sempre com chocolates, roupa e sapatos novos para vestir no dia 25 e claro, brinquedos, bonecas, carrinhos.
Acabávamos de jantar e não dava para estar à espera da meia-noite para abrir as prendas, era logo a seguir ao jantar assim nós, a canalhada, ficava entretida com as prendas e os adultos jogavam cartas e conversavam. Ainda hoje é assim, depois do jantar chega o "pai natal" com as prendas todas.
Houve um ano que viemos (eu, a minha irmã e o meu primo) cá para fora para ver o pai Natal a deitar as prendas pela chaminé e nós miúdos, no meio do quintal a olhar para a chaminé vimos mesmo o pai natal lá em cima... Todos os anos se fala deste episódio, entramos na cozinha esbaforidos, extasiados porque "vimos o pai natal na chaminé"... Foi bonito, o que a ilusão, a crença provoca...
Como agora temos uma criança na família temos que voltar a fazer de conta que o pai natal vem trazer as prendas mas este é astuto e logo no primeiro ano disse que o pai natal era a Lídia porque tinha as unhas pintadas (pormenor descurado pelos adultos, esquecemo-nos de luvas) e no ano a seguir constatou que o pai natal era eu porque reconheceu os meus sapatos e eu desapareci durante um bom bocado... Entretanto já sabe que ele não existe, disseram-lhe na escola, mas nós não queremos ainda desmistificar a crença, porque embora ele saiba fica em pulgas quando vê um pai natal cheio de almofadas na barriga a entrar na cozinha e a perguntar se ele se portou bem para lhe dar as prendas.