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O dia de Portugal num dia 13.

por Alice, em 13.06.13

Há uns 3/4meses que não vejo telejornal, leio os meios de comunicação online, a maior parte das vezes fico-me pelos títulos porque eu não tenho mais paciência para más notícias, para ouvir falar de impostos que sobem e que descem, de greves, de meninos de tenra idade nos já velhinhos jobs for the boys, para presidentes que se sentem insultados, para ministros que culpam a chuva e mau tempo, enfim, para a palhaçada que é a nossa vida politica e económica. 

Faz mal ao espírito, à paz interior levar todos os dias com as mesmas más noticias. 

 

É a terceira vez que temos o FMI em Portugal desde o fim da ditadura. Ora um jovem país livre e democrático, com 39 anos já levou com 3 estados de coma profundo. A cada 13 anos (média) o país vai-se abaixo e lá vem gente de fora ensinar a gerir, emprestar dinheiro e sugar-nos até ao tutano em juros. Depois lá se vão embora, deixando para trás o caos, a miséria, os apontamentos e espera-se que o senhor que se segue (PS ou PSD com umas coligaçõezitas com o CDS pelo meio) estude a lição, passe no exame e conduza este pequeno país ao auge.

A mim parece-me que está na hora de acordar. E também me parece que somos nós, o povo que tem que puxar a rédea ao cavalo para ele não voltar a cair no precipício. Como? Isso não sei, mas acredito que há ainda muita gente de bem, muita gente íntegra que com apoios conseguiria o que os partidos, está mais que visto, não conseguem.

Aliás a política não é mais que um meio fácil de subir na vida à custa do povo, esse sim nobre, que trabalha, paga impostos e no fim ainda é entalado e obrigado a pagar bancos onde nunca sequer tiveram contas, a pagar auto-estradas onde nunca irão passar, a deixar de ter médicos, escolas, postos de correio perto de casa. A verem as taxas a aumentarem e os serviços a baixarem de qualidade, a deixarem de ter transportes para hospitais, a deixarem de poder pagar tratamentos e consultas, a deixarem de comer.

 

O que mata  este país é a corrupção. É o suborno. É obter vantagens em negócios milionários. É tirar proveito do poder atribuído para ajudar amigos. É favorecer empresas em detrimentos de outras em troca de favores ou dinheiro. É isto que mata Portugal. Paralelamente a esta situação e num país justo, a solução seria ter um ministério da justiça a combater a fraude e a corrupção. O se vê, o que eu vejo, é que a estes nada lhes acontece. Temos agora um Isaltino na cadeia  e ele nem deve perceber bem o porquê, afinal de contas ele fez o que muitos fizeram e fazem e só ele é que lá está. A imagem que passa é que a justiça não funciona e que a corrupção é premiada. Andam aí todos na rua com a cabeça levantada como se não devessem nada a ninguém.

 

Isto não é justiça.

 

Bem como não é justo eu ver criminosos nas cadeias com cama, comida, roupa lavada, visitas conjugais, tabaco, cuidados médicos e por aí fora e ter cá fora gente honrada e honesta que trabalhou toda a vida e que agora se vêm privados de tudo. Mais uma vez isto não é justiça.

 

Pergunto-me muitas vezes onde andará o dinheiro roubado, dado, emprestado. Andei à procura e não encontro resposta. Saber quanto dinheiro entrou neste país desde 1974 (seja do FMI, seja das ajudas da CEE na década de 80) é um mistério. Só sei que desta vez foram 78 mil milhões, se alguém souber, por favor, diga-me. E isto era para concluir que é importante meter essa malta atrás das grades, mas tão importante quanto essa medida seria restituir todo o dinheiro ao erário público e não permitir que eles andem a gozar com o que é de todos. 

 

Acho que é preciso uma classe nova. Não vou chamar uma classe politica porque é nome malfadado. É preciso uma classe de gente que queira arregaçar as mangas e pôr isto a mexer, mas a mexer bem, o ideal até seria deitar abaixo e reconstruir. Expurgar os demónios. Os que estão em Belém, os que estão na assembleia, os que estão nos  cargos de poder. Fazer uma oxigenação aos cargos públicos, deitar as toxinas ao lixo. E podem contar comigo. Comigo e com toda a gente que como eu está farta de levar no rabo e de ainda ter que pagar a vaselina. Gente que como eu está farta deste fartar vilanagem, deste roubo sistemático, desta desculpabilização, desta inércia da justiça, desta falácia a que chamam democracia e país democrático, destas múmias que ocupam palácios e nada fazem para bem deste país.

 

Sou uma jovem de 37 anos que trabalha, paga impostos e muitas vezes, no fim do mês vai pedir comida e dinheiro emprestado à família, não tenho vergonha de o assumir e sei que não sou caso único. Sou uma portuguesa, portuense, sem orgulho nenhum neste país. Sou uma jovem que vê a cada ano que passa os sonhos me serem adiados, sou uma jovem que não prevê que nos próximos anos isto mude, aliás até acho que o pior ainda está para vir  quando a troika se for para o ano. Isto não é viver. Isto é sobreviver e sofrer pelo que todos os dias vejo à minha volta. Há mesmo muita gente que não tem o que comer. Há mesmo muita gente que está a morrer aos bocados porque não pode pagar medicamentos.  Não são títulos de jornais. 

 

 

 

 

 

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