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Personagem real numa vida de ficção e "à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo".
Nunca tanto como nestes dias, o nome deste blog esteve tão actual. A humanidade está a mudar. A vida, o planeta, conforme o conhecemos até agora, não voltará a ser o que era. Não quero falar de crise, nem finanças, nem desemprego, nem fome. Disso estou farta e por muito preocupante que seja situação, que o é, não adianta de nada recalcar estes assuntos. Até porque não falta por aí gente bem mais capaz que eu a analisar toda esta calamidade que se passa no mundo.
O que me leva a escrever estas linhas, para além de não ter que fazer, é a critica que leio por esta internet fora. Critica-se quem não tem, e critica-se quem tem. Bem sei que a inveja é coisa feia, e ninguém está imune a ela. É sentimento mesquinho, nasce connosco, fica aqui dentro. Mói e remói, e um dia explode-se e deita-se tudo cá para fora.
O que mais me incomoda é a critica àqueles que, felizmente, ainda vão tendo emprego, ainda vão tendo dinheiro para comprar o que bem lhes apetece (e porque não?), que vão passar férias, que vão jantar a bons restaurantes, que com o dinheiro que lhes sai do corpo, do trabalho decidem gastá-lo onde bem lhes apetece.
Não fazemos nós todos isso? Se não agora, por causa da dita cuja crise, não andamos nós todos a gastar o que tínhamos e o que não tínhamos? Mas nessa altura ninguém falava. Ninguém dizia "olha aquela não tem onde cair morta e comprou uma casa", e quantos não conhecemos nós assim? Pessoas que com a ilusão do dinheiro fácil, meteram-se nesses meandros de créditos pessoais e créditos de habitação, e créditos de férias e agora créditos mal parados. E ninguém falava porque a dita cuja andava longe, era um pesadelo que ninguém acreditava que se tornaria nesta triste realidade.
Não precisamos de ficar imensuravelmente felizes, mas não é preciso dizer "não sei onde está a crise, os restaurantes estão cheios, os telefones topo de gama vendem-se que nem ginjas..." e por aí adiante. Mal de nós se a dita crise tocava de facto toda a população.
Há e sempre irá haver gente que ganha bem. Gente essa que pode jantar fora as vezes que quiser, comprar os telefones e computadores e os carros e os tabletes que bem lhes apetecer. São essas pessoas que vão dando algum a ganhar aos pequenos ou grandes comerciantes e que evitam que mais lojas e mais restaurantes fechem , aumentando assim a lista dos desempregados.
São essas pessoas que mantêm a loja do meu patrão aberta e que dá emprego a duas pessoas, o restaurante do meu vizinho que emprega outras três, a lavandaria ali da frente que tem uma empregada. E só aqui são seis famílias de que estou a falar.
Por isso, sempre que me entra um cliente para me comprar o artigo de luxo mais caro que eu aqui tenho, não o posso criticar. Quando a vizinha deixa a roupa toda para lavar na lavandaria, porque se calhar não lhe apetece tratar da roupa, nós vamos ficando contentes. E quando o restaurante do vizinho está cheio eu agradeço e fico feliz que ainda haja gente com dinheiro para poder fomentar o comercio, esse negócio em vias de extinção...