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Personagem real numa vida de ficção e "à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo".
Não gosto de cenas. Detesto cenas. Abomino cenas. Os problemas são para serem resolvidos dentro de casa e não na rua ou em família à frente de toda a gente. Aquele tipo de conversa "tu não me ajudas, não fazes nada" à frente de outras pessoas, acho completamente de mau gosto. Ninguém precisa de saber o que cada um faz ou deixa de fazer. A respeito disto, há uns anos atrás, um casal amigo debatia-se com este problema, ele chegava do trabalho e sentava-se a ver televisão. A mulher chegava do trabalho e ia tratar do jantar, fazer as camas, aspirar, enfim ia tratar das lides domésticas e ele mantinha-se a ver televisão. Um dia, ela já farta de lhe pedir para a ajudar, sem resultado, deixou de tratar da casa, deixou de aspirar, limpar o pó, limpar as casas de banho... Andou assim umas três semanas, ela confidencializou-me que já tinha nojo de ir à casa de banho, até que ele, também já farto da badalhoquice, por iniciativa um dia começou a limpar a imundice e a partir daí nunca deixou de a ajudar.
Para grandes males, grandes soluções...
E isto a propósito de cenas em público... Ontem ferveu-se-me o sangue e fiz uma cena desnecessária à frente de outras pessoas, era só meu cunhado mas era também escusado. Mas a culpa é dele (yeap yeap yeap a culpa é sempre deles). Não me ouve... Pedi-lhe para me vir ajudar a encher os pneus porque nunca sei qual é a quantidade de ar que se tem que meter para lá e precisava de meter gasolina porque estava mesmo no casco. Tenho uma bomba de gasolina a 100 metros da casa da minha mãe. Era rápido!!! Ele insistia em fazer cerca de 20 km para meter gasolina e encher os pneus nas bombas perto da nossa casa... Expliquei segunda vez que não tinha gasolina para chegar a casa e que a bomba era já ali e aproveitava e enchia os pneus. Voltou a dizer-me para fazer 20 km e meter gasolina e encher os pneus nas outras bombas. Voltei a explicar e ele voltou e responder da mesma forma. Já estava a pensar "queres ver que eu agora falo aramaico e ninguém me entende" voltei a explicar e ele voltou a responder a mesma merda... Já sem paciência e com meia dúzia de caralhos e fodasses pelo meio e o volume da goela audivelmente aumentado e com direito a murros no varão da varanda, expliquei pela quinta vez que não tinha gasolina para chegar a casa e que uma vez nas bombas fazia tudo, a gasolina e os pneus. Desta vez percebeu mas vieram à porta a minha irmã e mãe, que é sempre pelo lado dos meus namorados, vá-se lá saber porquê e deram-me na cabeça porque isso não são modos de falar para ele...