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A história que vou contar aconteceu mesmo. É pura realidade e serve para mostrar a capacidade inventiva das pessoas com quem lido. 

A D. Margarida, cliente aqui do estaminé, e de certeza com alguns problemas neuro-psicológicos, há uns seis ou sete anos comprou-me uma armação e um par de lentes. Passados uns meses, logo de manhã cedo, ainda eu não tinha tomado o café e fumado o cigarro, ela aparece-me na loja, furiosa e com os óculos na mão, meio derretidos. Diz ela:

 

- Olhe para isto!! Pousei-os ontem em cima do frigorifico e hoje de manhã quando ia a pegar neles, estavam assim...

 

Peguei eu no óculo, estava com uma das lentes assim bocado para o derretido, a armação meia envolta no plástico da lente e disse-lhe que era impossível o óculo ter ficado naquele estado só por os ter pousado em cima do frigorifico e que se calhar não foi no dito mas sim em cima do fogão ou ao pé do aquecedor. Chateou-se, não admitia que a chamasse de mentirosa e jurou pela saúde da neta, (coitadinha que tinha nascido há meses) que tinha sido como estava a contar e, claro, queria a lente nova porque a armação ainda dava para aproveitar. E disse mais, "já viu se eles começassem a derreter na cara?Ficava com a cara queimada". Como se fosse possível os óculos entrarem numa espécie de combustão espontânea.

Disse-lhe sempre que não dava a lente, que teria de a pagar porque aquilo não acontece NUNCA. Das duas uma ou o frigorifico estava estragado, que garantiu não estar, ou ela estava a mentir. A muito custo, muito mesmo, acabou por deixar os óculos para repor a lente com a minha promessa de falar com o patrão e ver o que se podia fazer.

 

Quando o óculo ficou pronto, foi o marido quem os foi buscar e perguntei como é que aquilo tinha acontecido. O marido que não sabia da história que ela tinha inventado, contou a verdade e disse que tinham comprado uma placa de vitro-cerâmica e que ela os tinha pousado em cima sem reparar que a dita ainda estava quente. Estragou inclusive a placa que ficou com o plástico da lente colada...

 

Contei a história mirabolante que a senhora tinha inventado, ele desfez-se em desculpas e  pagou a lente na totalidade e até hoje ela, provavelmente com vergonha, nunca mais aqui  pôs os pés, graças a Deus.

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Coisas que não percebo...

por Alice, em 28.09.10

Porque é que a idade dos bebés são sempre ditas em meses?

 

"Ai que lindo, que idade tem?"

 

"Tem 29 meses" ou "Tem 17 meses"...

 

"Olha, e agora em anos?"

 

 

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Arrumações!!

por Alice, em 15.09.10

Precisei há dias de arrumar o meu quarto, (guarda-fatos, cómoda e estante). 

O guarda-fatos estava atulhado de roupa; na cómoda, as gavetas quase não fechavam; em cima da cómoda a quinquilharia era tanta que não se via a cor dela; a gaveta das meias, cheia delas, algumas desde o tempo em que andava na escola e bastantes em mau estado; a da roupa interior então nem se fala... Tudo isto porque fui acumulando e acumulando roupa. Roupa minha, roupa emprestada que acabou por ficar, porque achava que mais cedo ou mais tarde iria usar e por desleixo também;  na gaveta das meias, guardava-as porque "dão jeito para dormir no Inverno" e na das cuecas "porque quando estou com o período dá jeito a bela da cueca do tempo da avó".

 

Para isto e porque adivinhava que seria uma tarefa, que para mim sozinha iria demorar dias até ficar completa, chamei amiga perita em arrumações. Ofereci-lhe o jantar e em 4 horas a parte da roupa ficou impecavelmentelimpa e arrumada. Agora sobra-me espaço. De uns 15 pares de calças fiquei com uns 6, de 139 pares de meias, fiquei com 12 e por aí adiante. Tenho a roupa das gavetas ordenada por cores, e o guarda-fatos quando se abre tem as peças de Inverno de um lado e Verão de outro e por "ordem decrescente" das peças mais compridas para as mais curtas.

 

Falta a parte da quinquilharia, tenho que comprar umas caixas de arrumação e "catalogar" tudo o que anda lá por cima, para guardar dentro da respectiva caixa e saber o que está lá dentro.

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L'amour!!

por Alice, em 14.09.10

O amor. Confesso que este é um tema que dá prazer falar e escrever. Gosto de me apaixonar, de andar com a cabeça no ar, de sentir butterflies na barriga sempre que se aproxima a hora de estar com a pessoa em questão.

 

Pertenço àquela geração de mulheres que está na casa dos trinta, (mas a quem não dão mais que 27/28, felizmente a genética foi minha amiga, deu-me um corpo esguio e delgado, pois, nem tudo nem tudo pode correr mal!!!), que já teve a sua quota de relações sérias e longas, (tirando dois amores de Verão, e no mesmo Verão), mas que por motivos alargados, a certa altura tudo acaba.

Acabei eu com um, o único,  porque tinha mau hálito, não havia condições para dar beijos apaixonados, porque era desconfiado, porque era ciumento, e porque só estando eu com ele ao fim-de-semana, visto ele trabalhar lá longe, onde tudo é já ali, as crises de auto-estima e de ciumeira do rapaz pioravam consideravelmente. Todos os outros acabaram comigo.

 

Ora, estando eu agora em fase de luto, questiono-me se será efectivamente defeito meu, ou se será praga que me rogaram. (Não me esqueço que o meu primeiro amor, o amor teenager, me disse um dia, no meio de uma conversa: "Alice, quem que seja quando formos velhinhos, vais ver que vamos acabar juntos").

 

Devo dizer que isto deita a moral de uma mulher abaixo. Mas afinal o que é que eles querem? Se somos boas, devíamos ser umas cabras; se somos cabras, devíamos ser boas. Se somos submissas devíamos ser emancipadas, se somos emancipadas devíamos ser mais submissas; se somos água, devíamos ser vinho, se somos vinho, devíamos ser... já perceberam...

 

Diz uma amiga minha, para não me preocupar porque há sempre um testo para uma panela. Eu pergunto-me se o meu testo andará realmente por aí. Não sonho casar, mas sonho ter um companheiro para a vida, estar em permanente estado de paixão, dormir e acordar com  aquela pessoa ao meu lado.

 

Confesso que tenho uma tendência natural para me subjugar um bocadinho à vontade deles, não perco o contacto com amigos, mas deixo-os um bocadinho de lado para estar com eles (namorados). Na minha cabeça é compreensível, a vontade de estar é mais que muita, quero aproveitar todos os momentos, se calhar inconscientemente  já sei que passado algum tempo acaba e vai de aproveitar enquanto posso.

Este último foi/ está a ser ainda mais doloroso, permitiu-me ter das experiências mais enriquecedoras que tive até hoje. Pela primeira vez saí da casa da mãe para partilhar o mesmo tecto com ele. Até que um dia o homem lembra-se  e acaba, os motivos não vale a pena enumerá-los, foram muitos. Era um workaholic, o tempo para mim começou a escassear.

 

Haverá realmente um testo para cada panela, como diz a minha amiga? Ou terei eu que começar a mentalizar-me que se calhar vou ser daquelas mulheres que ficam sozinhas e solteiras até que o coração deixe de bater?

Assusta-me muito a solidão. Não era capaz de viver sozinha. Preciso dos meus momentos de solidão mas nessas alturas vou dar uma volta, ou aproveito o fim-de-semana em que uma delas deixa o apartamento vago e ocupo-o, ou fecho a porta do meu quarto à chave. Gosto de estar sozinha, mas saber que no quarto ao lado tenho gente. Admiro quem o consiga. A mim, sobra-me tempo, não tenho como o ocupar, mesmo fazendo tudo o faço quando estou sozinha com a porta fechada à chave..

 

 

 

 

 

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Informações para o uso de óculos.

por Alice, em 13.09.10

Após 17 anos a trabalhar como técnica de óptica, vou deixar aqui alguns conselhos relativos à utilização e cuidado dos óculos. Porque mais cedo ou mais tarde toda a gente vem a precisar deste tipo de ajuda visual, e porque agora mais que nunca, se calhar devido à crise, as pessoas reclamam sem razão e acham que nós, profissionais do sector somos burrinhos e aceitamos todas as mentiras que nos apresentam quando a "lente riscou", ou quando a armação partiu, "estava com eles na cara e de repente partiu". Sim, nós temos forma de ver se o problema é devido ao mau manuseamento por parte do cliente, ou se é realmente devido a defeito de fabrico.  Estes conselhos aplicam-se a todo o tipo de óculos de "ver" e de sol.

 

1- Os óculos são objectos delicados, foram desenhados e feitos para andar no rosto e não nas malas no meio de chaves, telemóveis, batons, canetas, agendas. Quando o compra de certeza que ele vem acompanhado de um estojo e um paninho para limpeza do mesmo. Use o estojo para guardar o óculo.

 

2- Não os deixe NUNCA no tablier do carro, em cima de lareiras, perto de aquecedores, em cima de fogões, o excesso de calor vai acabar por danificar o tratamento que a lente pode eventualmente levar, vai acabar por danificar a armação. Leve-os consigo se for à praia ou se achar que não os vai usar deixe-os em casa.

 

3- Para limpar o óculo USE SEMPRE água e sabão e limpe com o pano que a óptica lhe dá. Não use a fralda da camisa ou t'shirt. Não use panos da loiça, não use jornal. Se não lhe deram um pano vá à loja e peça. Não use limpa-vidros, detergente da loiça, álcool ou outros dissolventes. A água e o sabão são o melhor para a limpeza do óculo. Se no sitio onde estiver não houver sabão, passe-os pelo menos por água.

 

4- O que risca a lente é o pó. Percebe-se que se andar com o óculo na rua o pó fica agarrado à lente. Se tirar os óculos da cara e limpar ao primeiro pano que lhe aparece à frente, já imaginou o que vai acontecer, o pó vai actuar como abrasivo. Se os passar por água, o pó sai e aí sim pode limpá-los à vontade.

 

5- Se tem crianças ou animais de estimação em casa, e neste caso são mais os cães que fazem os maiores estragos, não deixe o óculo à mão de semear. Tanto a criança como o animal vão ver o óculo como um brinquedo e parti-lo ou roe-lo. Deixe-os num local inacessível ao mais pequenos.

 

6- As armações são compostas por 3 partes, as hastes (o que segura o óculo na orelha), a frente (onde a lente encaixa) e a lente propriamente dita. Sabiam que mais de 90% das reclamações de hastes são das hastes esquerdas? Porquê? Porque ao retirar o óculo da cara, a tendência é tirá-lo com a mão direita, a haste esquerda fica em pressão. Ora experimente lá tirar o óculo só com a mão direita? Percebeu? A haste esquerda fica em esforço relativamente à direita. USE sempre as duas mão para colocar e tirar os óculos.

 

7- Se tem filhos, enteados, sobrinhos não espere que os óculos destes aguentem o mesmo tempo que o óculo de um adulto. As crianças brincam, experimentam os óculos uns dos outros, e chegam a parti-los de propósito porque na escola lhes chamam "caixa de óculos" ou "quatro olhos". Ainda não se inventaram óculos à prova de criança, portanto por muito que lhe digam que nunca parte, não acredite e não menospreze a sua criancinha, eles são capazes de coisas inimagináveis. Explique-lhe que não o pode tirar e que não o pode emprestar, que se for para a ginástica deve deixa-los dentro do estojo no balneário e se ele precisar mesmo dele para actividades físicas, existem óculos de desporto que não ficam caros, para esse efeito.

 

8- Óculos de criança e óculos de perto são normalmente os que dão mais problemas. Os primeiros já está explicado em cima, os segundos porque só se usam para ler e normalmente o usuário pede um cordão para os pendurar ao pescoço, ou anda com eles no bolso da camisa/casaco para poder tê-los sempre à mão e depois? Bem, depois esquece-se e encontra um amigo que já não vê há muito tempo e vai de abraçar o dito sem se lembrar que tráz o óculo pendurado. As lentes podem sair e cair e picar, a armação pode partir.

 

9- O óculo quando sai da loja vai em perfeito estado, se cá fora os deixa cair, os deixa no assento do carro e senta-se em cima deles, é responsabilidade sua. As lentes não riscam sozinhas, normalmente somos nós quem as riscam e as armações não partem por vontade própria, normalmente acontece porque já levaram alguns empenos e acabam por ceder.

 

10- Tanto as lentes como as armações e até os óculos de sol têm garantia. Garantia essa, que só cobre defeitos de fabrico. Para isto não contam as hastes roidas pelo cão, as lentes arranhadas pelas chaves dentro da mala ou por ter caído ao chão, a armação partida porque o bebé retirou-lhos da cara sem você estar a contar.

 

11- Cada vez mais os óculos são artigos de moda. As colecções saem pelo menos duas vezes por ano, portanto não se admire se o seu óculo de 1987 ter partido, você querer à força toda que o óptico lhe arranje uma peça de substituição e não haver. Por vezes deixa de haver em bastante menos tempo.

 

12- Quer seja senhora, quer seja homem, se for ao cabeleireiro ou usar laca em casa, por favor retire os óculos e guarde-os na já referida caixinha, não os deixe em cima do balcão. A laca anda no ar e cola à lente como uma espécie de goma que é, e não vai sair. Se for pintar use um óculo de protecção que pode comprar em qualquer óptica ou super-mercado, a tinta também pinta as lentes  e danifica-as.

 

Se  sair de um stand com um carro novo e o espetar contra um muro, não vai ao stand reclamar o carro, foi você quem o destruiu, o carro quando saiu estava em perfeitas condições. Com os óculos é a mesma coisa. Trate-os como se fosse um carro novo. Lave-os com frequência (não, não ganham ferrugem), vá de vez em quando à óptica onde os comprou para dar uma afinação que é sempre preciso. Se eles magoarem o nariz ou atrás da orelha, vá ao seu óptico, ele terá instrumentos e ferramentas para o endireitar e para resolver isso. O facto de o ter visto com chaves e alicates a endireitar e arranjar o óculo, não quer dizer que você o saiba fazer (já vi a minha mãe a fazer tripas muitas vezes e não as sei fazer).

 

Evite comprar lentes em vidro, é verdade que não riscam mas são um perigo, porque ninguém está livre de tropeçar e cair e já imaginou a gravidade do acidente. As lentes acrílicas são um pouco mais caras mas valem bem a pena. O seu óptico, se for um profissional honesto e sério há-de aconselha-lo no que respeita a tratamentos de lentes e se aconselha deve pelo menos ouvir o conselho porque efectivamente uma lente tratada é bem mais confortável que uma lente sem o ser. E  nem vou falar em óculos que se vendem nos chineses e nos prontos-a-vestir, nem vale a pena comentar!! 

 

Vá ao médico especialista em problemas de visão. Se tiver problemas do coração não os vai tratar num enfermeiro, pois não?? Uma consulta aos olhos não serve só para saber se precisa ou não de óculos. O olho é um orgão como outro qualquer e tem mais diagnósticos possíveis,  não é só a refracção. As consultas, se não houver outro problema com os seus olhos, são aconselhadas no máximo de dois em dois anos e sim, é possível que ao fim de muito menos tempo precise de voltar ao médico para ajustar de novo a graduação, depende do seu organismo e de factores externos ao olho e a si, como o trabalho que faz e de outras doenças de que pode ser portador.

 

Posto isto meus amigos, tratem dos olhos e dos óculos. Não vão reclamar quando temos nós e têm vocês, plena consciência que o óculo partiu ou se estragou devido ao mau manuseamento dado por si.

 

(Nota, este post vai sendo actualizado conforme eu me for lembrando de conselhos e práticas para a boa utilização e conservação do artigo em questão.)

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